Você, com certeza, já consumiu a jornada do herói e nem se deu conta. Isso porque ela é um tipo de narrativa que está presente em filmes, livros, séries, quadrinhos, jogos e até mesmo no marketing. Em outras palavras, a jornada do herói é uma das estruturas narrativas mais usadas do mundo.
Quer saber mais sobre?
História da Jornada do Herói
A estrutura da jornada do herói é composta por 12 passos. No entanto, antes de nos aprofundarmos em cada um deles, é importante conhecer a origem dessa jornada. Ela nasceu a partir de um estudo profundo realizado por Joseph Campbell em seu livro intitulado “O Herói das Mil Faces”.
Este estudo abrange uma variedade de tópicos, incluindo Biologia e Matemática. É evidente que o pesquisador Joseph John Campbell nutriu uma paixão pela criação de mitos, pela psicologia e pela religião.
Portanto, é crucial destacar que ao longo de seu livro, Campbell analisou diversas histórias e identificou uma estrutura comum. Nessa estrutura, o personagem principal enfrenta uma série de desafios e transformações até finalmente se tornar um herói.
Quando Campbell começou sua pesquisa, sua análise consistia em 17 passos. Com o tempo, ele descobriu camadas adicionais, como a relação do herói com seus pais e as instituições de seu mundo. Posteriormente, Christopher Vogler adaptou essa estrutura, condensando-a para 12 etapas.
A essência da ideia permanece a mesma; o que muda é que alguns passos podem se encaixar em outros, tornando a estrutura mais prática e coesa. O objetivo da jornada do herói, portanto, é servir como um modelo inspirador para que outras pessoas criem suas próprias histórias.
Os passos do Herói
Abaixo, listamos cada passo da jornada do herói. Cada um leva em conta um elemento narrativo o qual leva o herói para sua transformação. Vamos ver cada um deles?
1- Mundo comum
Nesse primeiro passo, a plateia conhece o mundo do herói. Aqui, o cotidiano, as experiências iniciais sem tumultos, são apresentados com o objetivo de estabelecer uma tentativa de aproximação do personagem com o público.
Nessa etapa inicial, a finalidade é justamente mostrar ao telespectador que o personagem principal é, na verdade, uma pessoa comum.
2- Chamado à aventura
Aqui, o que antes era ambientado num cotidiano normal, comum, muda para uma perspectiva na qual os problemas começam a surgir. Esse é o momento de mudança em que a jornada do herói realmente se inicia.
A partir daqui, ele tem uma tarefa a executar ou um objetivo oficial, sendo inegociável a sua falta de ação sobre o problema, pois a sua falta de reação diante do problema pode representar uma ameaça a ele e aos demais com quem ele compartilha a vida. Logo, a partir desse ponto, ele já não pode retornar ao seu mundo comum.
3- Recusa do chamado
Como o desafio é grande e o herói ainda não se transformou para ser capaz de finalizar a jornada, é nesse momento que ele desiste, contrariando o destino. Assim, em alguns casos, ele tenta se convencer de que não se importa com a questão apresentada.
É importante mencionar que essa recusa parte justamente da ideia de não sair da zona de conforto, justificando seu conflito interno sobre agir diante de uma situação que o coloca em risco, por exemplo. Isso porque sua segurança e seu conforto ainda são prioridades.
4- Encontro com o mentor
Diante do impasse de retornar ou não ao mundo comum, o herói se encontra com um mentor. Esse mentor dará o que for necessário, ou o famoso empurrãozinho. Ele será crucial para chegar a decisão final de agir, garantindo que o personagem tenha mais confiança para lidar com a situação problema.
Além disso, é nesse ponto que alguma característica que o afaste de uma pessoa comum é introduzida, como por exemplo um objeto, treinamento, conselhos ou poderes. Isso faz com que o herói consiga ter autoconfiança e prossiga em sua jornada.
5- Cruzamento do primeiro limiar
Aqui é o momento em que há uma mudança: deixa-se de retratar uma vida comum para ir em direção à situação problema.
Esse é o momento na jornada do herói em que ele finalmente está pronto para o desafio e decide cruzar o primeiro limiar, entrando no mundo fantástico. Isso pode ser feito por uma viagem literal, conhecimento de um segredo ou com a aquisição de uma nova habilidade, por exemplo.
6- Testes , aliados e inimigos
Com a oficialização da jornada, ele começa a ter pequenos desafios, como inimigos e contratempos. Além disso, ele também encontra aliados para auxiliar em sua jornada.
Por meio desses pequenos obstáculos e interações, é possível conhecer o herói mais intimamente, sem prejudicar o verdadeiro objetivo. É também uma forma de preparar para situações problema que o aguarda. Também,
Nesse momento, é importante citar que o público consegue se identificar mais com o personagem.
7- Aproximação da caverna secreta
Nessa etapa, o personagem precisa dar uma pausa na situação problema, como a calma antes de uma tempestade. Isso pode ser por opção ou por algo que acontece na narrativa.
Assim, nesse momento, ele volta a questionar sua capacidade, expondo o conflito interior ao público. Essa estratégia funciona muito bem para agregar mais expectativa ao público, gerar mais expectativas para o desafio final.
8- Provação
Esse é considerado o desafio mais intrigante que o personagem precisa resolver. Ao encontrar a provação, o herói se vê saindo de sua pausa, já incapaz de voltar a ser quem ele era no início da história. Dessa forma, ele passa por um teste físico de extrema dificuldade, um inimigo mortal ou um conflito interior máximo. Essa situação vai desencadear uma instabilidade física e mental muito grande. No entanto, essas dificuldades guiam para o propósito final: um amadurecimento do protagonista.
Independente da prova, ele precisa ser capaz de reunir todos seus aprendizados e experiências para conseguir finalizá-la, passando finalmente pela maior parte da sua transformação.
9- Recompensa
Se nós, na nossa existência cotidiana, sempre esperamos algo, e esse algo funciona como uma recompensa para nós, por qual motivo o herói não seria ou esperaria uma recompensa? Ele também merece, né? Afinal, foram muitos desafios enfrentados ao longo da narrativa.
Nesse momento, o desafio dá espaço para o protagonista receber uma recompensa por suas lutas vencidas. Isso pode ser representado por um objeto de grande valor, uma reconciliação ou uma nova habilidade, são de vários tipos. No entanto, é importante mencionar que essa será, ainda, um pequeno presente, já que a jornada do herói não terminou.
10- Caminho de volta
No retorno, o herói volta ao cenário do início da história, modificada, agora, pelas batalhas. Aqui, há uma ideia de que houve um fim para o conflito, mas ele ainda não acabou. Isso porque o herói ainda não derrotou seu antagonista ou completou sua transformação.
Esse é um momento em que o herói faz reflexões sobre o que enfrentou, e como essas reflexões impactam na sensação de dever cumprido. Afinal, é natural, ele saiu da zona de conforto, não é?
11- Ressurreição
Quando tudo parecia ter fim, o conflito retoma. Essa etapa, com certeza, apresentará o ponto alto da história. Aqui, definitivamente, o problema chegará ao fim.
Esse é o último grande desafio no qual o herói solucionará sua jornada de vez, finalizando sua transformação como personagem protagonista. Assim, agora ele derrotou o antagonista de vez, reconciliou-se ou conseguiu um par romântico.
12- Retorno com o elixir
O último passo da jornada do herói é quando ele chega à sua comunidade já transformado. Logo, sua transformação é o elixir em muitos casos, mas ele também pode oferecer algo, como um tesouro ou uma vida salva.
Portanto, há um reconhecimento, valioso, da sua atuação, que prova a importância das suas ações para revolucionar o mundo normal em que ele estava inserido.
Como identificar os 12 passos da jornada do herói?
Mesmo que o herói realize todos os passos, nem sempre eles estarão expostos para que sejam notados. Por exemplo, alguns filmes preferem deixar que o personagem sinta tudo e demonstra apenas parte disso para sugerir alguma coisa, de modo que o espectador entenda as entrelinhas dessa batalha interna do personagem.
Isso fica explícito no próprio livro de Vogler, onde ele diz que se todos os ingredientes forem entregues de bandeja para quem for assistir, o plot será ruim. Então, seja ousado, instigue a curiosidade do seu telespectador.
Essa tática não pode ser muito rígida, é preciso criar uma mescla para que o filme prenda a atenção do público.
Os passos servem para prevenir, de certa forma, aqueles filmes em que começamos a assistir e já sabemos instantaneamente o que vai acontecer, pois é previsível e dentro da caixa, assim o herói não vai conseguir prender a atenção de ninguém. O que desperta a curiosidade é, exatamente, a ausência de previsibilidade. Concorda com a gente?
Além dos 12 passos do herói
Em primeiro lugar, é importante destacar que os 12 passos da jornada do herói muitas vezes se apresentam de forma variada, ou até mesmo os 17 passos de Campbell podem ser empregados. O essencial é utilizar essa ferramenta para desenvolver um roteiro de qualidade e inovar nas narrativas.
Quando o objetivo é promover uma evolução psicológica nos personagens, frequentemente é necessário quebrar a quarta parede desses passos.
Em Hollywood, alcançar o sucesso não é tarefa simples, portanto, a constância e a busca por inovação são fundamentais. É crucial fugir do lugar-comum e da rotina cotidiana. Dessa forma, a maneira como uma história é contada pode tanto elevar quanto prejudicar um filme.
Portanto, arrisque-se, pois é dessa forma que se cria uma narrativa distinta e singular. Somente ao sair da zona de conforto é que nascem as histórias verdadeiramente dignas de serem contadas.
É preciso usar todos os passos da jornada do herói?
Por mais que a jornada do herói sirva de base para muitas produções, nem sempre é necessário que todos sejam efetivamente explorados. Um bom exemplo disso são as etapas como a Recusa ou a Recompensa as quais podem ser puladas. Sendo assim, não há tanta necessidade de uma estrutura rígida, como um conjunto de regras, tendo em vista que isso pode prejudicar sua história.
Assim, o próprio Vogler, que dividiu a jornada em 12 etapas, também faz uma redução delas e divide a narrativa em três atos principais. São eles:
- Mundo comum
- Mundo especial
- Volta ao mundo comum.
Portanto, o mais importante é que você tenha em mente quais elementos farão com que a sua história desperte a curiosidade e prenda o público.
Como aplicar a jornada do herói no marketing?
Acima, vimos os passos para criar uma boa narrativa. A partir do que foi apresentado, fica claro como essas estratégias são fundamentais, inclusive, para ser utilizadas no marketing e chamar mais atenção do seu cliente.
A partir de cada passo, você pode usar essa ferramenta para atrair olhares e prender a atenção do seu público-alvo. É através da jornada do herói que você vai construir a jornada do seu cliente, a qual ele é o protagonista, mostrando a relação dele com o seu negócio. Ao construir uma narrativa dessa forma, você estará exercendo uma estratégia importante: agregando valor ao seu público.
Portanto, é importante sempre que você conheça bem o seu público e que ele se veja na sua história. Sendo assim, seja ousado, busque estudar sobre o que tem sido usado pelos seus concorrentes e se inspire para ir mais além.
Qual é a relação entre a jornada do herói e o storytelling?
O storytelling é uma forma persuasiva de se contar histórias. Nessa estratégia, objetiva-se construir uma narrativa envolvente utilizando recursos linguísticos e audiovisuais para atrair a atenção do público.
Mas, voltando à pergunta: qual a relação entre a jornada do herói e o storytelling? Eis a resposta: o método stortelling, na verdade, é uma inspiração dos passos propostos por Campbell. Ambos almejam estruturar a narrativa de forma mais atrativa, de modo que consigam prender a atenção do telespectador e estabelecer uma conexão entre eles.
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Fontes: Neil Patel, Rock Content, Resultados Digitais
